Um levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta que entre 1º de janeiro e 11 de julho deste ano, Morro Agudo (SP) lidera o ranking de cidades com focos de incêndios no estado de São Paulo. Durante o período foram registrados 24 grandes casos.
Cidades vizinhas como Pontal (SP) e Barretos (SP) também estão entre as 10 primeiras colocadas na lista. Cada um registou oito grandes incêndios nos meses avaliados pelo instituto.
Para tentar diminuir o número de ocorrências e ainda agilizar o combate ao fogo, produtores rurais se organizaram e criaram um grupo em um aplicativo de conversas. A partir daí, trocam informações e avisam sobre possíveis ocorrências na região.
O fazendeiro Roberto de Figueiredo possui uma estação meteorológica dentro da fazenda. Com o clima seco e a umidade do ar baixa, ele passa o dia de olho na tela do celular para checar alterações no tempo e acompanhar os que acontece no perímetro. Tudo para evitar o fogo.
“É um risco, não só pelo dano financeiro da multa que é imposta para áreas que pegam fogo, mas também pelo prejuízo da cultura. Isso onera no orçamento da fazenda e tira toda a sua programação do fluxo normal. É uma preocupação constante”, explica.
Em Morro Agudo não há Corpo de Bombeiros, por isso, os produtores ainda utilizam o grupo para ficarem de ‘plantão’. Caso algum incêndio aconteça, quem estiver a trabalho, aciona um caminhão-pipa que vai até o canavial para combater as chamas. Eles contam ainda com apoio das usinas da região.
“Um vigiando e ajudando o outro. A gente fica 24 horas ligados para ter informações do pessoal que está aqui ao redor e ter um suporte o mais rápido possível para combater um incêndio”, diz Figueiredo.
Caminhões-pipa de fazendas e usinas são utilizados no combate à incêndios na região de Morro Agudo, SP — Foto: Carlos Trinca/EPTV
O brigadista Luís Fernando Ribeiro já ajudou a combater incêndios na área rural da cidade e explica que é preciso ficar alerta para evitar grandes estragos nas plantações de cana-de-açúcar.
“Qualquer sinal de fumaça a gente tem que correr atrás. Tem que chegar o mais rápido possível para combater, se deixar espalhar, o combate é bem mais difícil. Dependendo do vento, alastra mais rápido”.
O Sindicato Rural explica que o prejuízo nas áreas incendiadas é grande. Como a queima da cana-de-açúcar é proibida por lei, muitos produtores são multados após um incêndio. Além do prejuízo com a safra que, futuramente, sofrerá as consequências.
“A questão da multa é muito séria porque o agricultor precisa assumi-la mesmo que sem culpa, por conta de um incêndio criminoso e a gente já sofre com o incêndio. A cana que queima não brota bem. A queimada chega em 800 graus a 15 centímetros da terra. É muito prejudicial para a agricultura”, afirma o presidente do sindicato, Rodrigo Siqueri Rosa.
Produção de cana-de-açúcar é afetada diretamente com incêndios em Morro Agudo, SP — Foto: Carlos Trinca/EPTV