O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp), Paulo César Garcia Lopes, considera “preocupante” a ampliação do prazo do decreto de calamidade pública que obriga o fechamento de empresas para reduzir a circulação de pessoas diante da pandemia do novo coronavírus.
Lopes afirma que as medidas podem acarretar uma demissão em massa, já que lojas e serviços considerados não essenciais estão sem operação desde o dia 23 de março. Segundo o presidente, os primeiros desligamentos devem refletir no balanço do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), referente ao mês de março. Os dados devem ser divulgados pelo governo federal na próxima semana.
O serviço de atendimento aos lojistas, criado há um mês para dar suporte às empresas, é o principal indicador da entidade no momento.
“A preocupação com a demissão é muito grande e elas já estão ocorrendo, inclusive com fechamentos de empresa, enxugamento. Podemos chamar de todos os nomes, de qualquer forma, mas é uma diminuição das atividades com prejuízo muito grande para o país”, diz.
Além do Sincovarp, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e a Associação Comercial e Industrial (Acirp) emitiram nota para manifestar "decepção" com a decisão do Executivo municipal.
Nesta sexta-feira (17), o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) estendeu a validade das medidas até o dia 27 de abril. Esta é a segunda vez que o chefe do Executivo amplia o período. Ainda na sexta-feira, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou que a quarentena no estado vá até 10 de maio. A data deve predominar sobre o decreto municipal.
“É compreensível a defesa do retorno das atividades econômicas, mas por enquanto não é esta a orientação das autoridades da saúde”, informou a Prefeitura, em nota.
Flexibilização
Ao longo desta semana, Nogueira sinalizou que poderia haver uma flexibilização das regras a partir do dia 23 de abril. Por videoconferência, o prefeito esteve reunido com representantes do Sincovarp, CDL, Acirp, Sindicato dos Comerciários, Federação das Indústrias (FIESP) e Centro das Indústrias (CIESP), e acenou para a possibilidade diante de informações apresentadas pela Secretaria Municipal de Saúde.
De acordo com o secretário Sandro Scarpelini, Ribeirão Preto tem um aumento linear e não exponencial no número de casos. Até esta sexta-feira, o município registrou 197 pacientes com Covid-19 e cinco mortes em razão da doença.
Ainda segundo o secretário, a cidade tem 110 leitos de UTI preparados, dos quais 36 estão ocupados. Responsável pelo atendimento a pacientes regulados pela rede municipal de saúde, o Hospital das Clínicas (HC) tem quatro pacientes internados em terapia intensiva com Covid-19.